Objetivo é divulgar cultura e comercializar artesanato
Localizada no Toca do Bugio, em Iguape, litoral Sul de São Paulo, a aldeia Guarani Tekoa Jejy-ty passou a contar com um reforço importante na divulgação de sua cultura, de seus costumes e também para geração de renda. Graças a parceria entre dois projetos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a comunidade que vive a beira mar, cercada pela Mata Atlântica, está inserida na rede mundial de computadores.
Desde o início de maio, o site da aldeia (https://jejyty.com.br) está no ar, com informações sobre a história, as tradições e arte da etnia. O espaço também conta com uma loja online que comercializa o artesanato produzido pelos moradores.
Conforme explica a professora Maria Rita Marques de Oliveira, coordenadora do ArticulaRRAS, o objetivo do projeto que atua na formação de profissionais da saúde em doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), é compreender as necessidades de saúde das comunidades indígenas o que diz respeito as doenças crônicas, em especial, obesidade, hipertensão e diabetes. “Pensar em formação de equipe sem conhecer a realidade é difícil. Então, o projeto colocou um olhar especial para os povos indígenas e quilombolas”, afirmou Maria Rita.
Dessa aproximação com a comunidade, surgiu a necessidade de uma maior divulgação e valorização da cultura Guarani, que resultou na ideia do site. Foi nesse momento que o projeto Ações Afirmativas, desenvolvido pela vice-reitoria da Unesp, se envolveu no processo ao apoiar com recursos financeiros e bolsistas a construção da página na internet.
O propósito inicial do site era divulgar a cultura Guarani e o modo de vida com um olhar diferenciado para a saúde. E por que não aliar isso com geração de renda? Assim, o canal de vendas online ganha um papel importante no apoio a subsistência dos membros da aldeia. Na lojinha é possível adquirir esculturas, cestos, objetos decorativos, instrumentos musicais, cortinas e bijuterias produzidas na aldeia, que representam a resistência da cultura Guarani há mais de 500 anos. Todos os recursos oriundos dessa comercialização são geridos pelos próprios moradores.
A aldeia – De acordo com o cacique Leonardo da Silva, a aldeia conta 24 famílias e cerca de 80 pessoas. Segundo ele, o território, Ka’aguyhovy, é divido em seis comunidades: Yakã Mirim na ruína de Itaguaí, Jejy-ty Toca do Bugio, Ka’aguy Potyicapara, Yvy-ty Mirim Icapara, Itapuã praia do Leste e Takua-tyaquário, ambas no município de Iguape, na região do Vale do Ribeira.
Existe um conselho de liderança, responsável por cuidar da cultura, tradições, religiões e formação de novas lideranças. “A gente sempre fala pros visitantes sobre manter a nossa tradição, porque ela é fundamental. Nós guaranis, não pensamos só na gente, a gente pensa em todos os seres vivos que estão nesse planeta. Hoje estamos precisando de solo, da natureza, das águas, dos rios, então todos nós devemos cuidar da natureza, não podemos mais fazer desmatamentos, tirar matérias-primas das terras indígenas ou qualquer lugar”, afirma o cacique.
Fonte: Portal Cidade