Os casos de ataques nos últimos dias no Paraná, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul foram sintonizados entre os grupos ruralistas contra os povos indígenas e ameaças a defensores da causa e não foram mera coincidência.
E isso que aconteceu foram evidenciados noticiado graças às denúncias e informações nas redes de comunicação alternativa. A notícia que aparece em outros canais aparece com uma versão totalmente negligenciada que aponta os indígenas como indivíduos invasores que tumultuam a propriedade rural. Ou seja, invadiram, expulsaram e roubaram e agora ameaçam, atacam, violentam, discriminam e absurdamente dizem que os Povos Indígenas que estão promovendo a violência no campo.
Mas vale ressaltar ainda que temos inúmeros outros casos, estão constantemente atingindo de forma direta e indiretamente os territórios e povos de forma violenta, sobretudo, pela pendência do estado em relação aos nossos direitos territoriais que não são evidenciados de forma clara e verdadeira para a sociedade.
Isso tudo são efeitos da Lei 14.701 e de tantos outras propostas que vulnerabiliza os povos e seus territórios diante da paralisação, entraves e falta de vontade política para cumprir a constituição brasileira para nossos direitos sociais e territoriais e com um congresso tão retrógrado que continuam promovendo a barbárie e violência contra a vida dos Povos Indígenas com suas “leis de morte”, a exemplo também da PEC 48.
REPÚDIO
Nós da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul – ARPINSUL e organizações de base repudiamos veemente os ataques ocorridos nos últimos dias na região sul e no estado de MS, assim como as ameaças contra defensores dos direitos humanos e indígenas, que aconteceu com alguns companheiros do Cimi, assim como acontece contra outros diversos líderes indígenas e indigenistas que são ameaçados atacados e muitas vezes assassinados quase todos os dias.
Repudiamos ainda a sabotagem das mídias e movimentos políticos e ruralistas que cria versões discriminatórias e que criminalizam a luta indígena.
JUSTIÇA
Enfim, tudo que nós do movimento indígena e das organizações queremos e pedimos é um olhar, posições e ações pelos poderes públicos o mais urgente possível para solução concreta, não condicionado à acordos políticos, partidário ou negociação por projeto desenvolvimentista como vêm sendo observado no atual cenário e conjuntura.
Não achamos normal também o silenciamento por parte do governo.
Esperamos um posicionamento contundente e pertinente contra os ataques que foram organizados e sincronizados. E sobretudo um posicionamento incisivo por justiça.
Entendemos que o grande e importante passo para enfrentar essa missão de morte, desde a primeira invasão de nossos territórios aqui no Brasil, será a demarcação, seja por reconhecimento tradicional das áreas ou por reparação histórica, como é o caso do território Guassu Guavirá na fronteira oeste do Paraná há muitos anos aguardando definição da Itaipu Binacional e do governo brasileiro.
Queremos ainda segurança incondicional para esses territórios em situação de conflito e ameaças, com presença intensiva e imediata da força nacional para assegurar as vidas humanas e também para dar suporte aos representantes das instituições de ajuda humanitária e dos poderes públicos, que nesta ocasião também solicitamos se deslocar para esses locais para dar uma rápida resposta e atenção às essas comunidades.